Olá Seja Muito Bem - Vindo ao Mundo Mágico da Educação Infantil.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Resenha crítica

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS

Cursista: Tatiane Palma Miranda 

LOPES, Amanda Cristina Teagno. Educação Infantil e registro de práticas. São Paulo: Cortez, 2009. -(Coleção docência e formação. Série Educação Infantil)

O livro é constituído de quatro capítulos incluindo as considerações finais, que busca traduzir a experiência e a fundamentação teórica sobre o registro na educação infantil, em abordagens que se complementam.
No capitulo inicial a autora apresenta alguns conceitos de registro, juntamente com outros autores da área, buscando um conceito que considere a criança como um ser que produz, ou seja, uma autora.
O Segundo capitulo trata da concepção de memória e a sua relação com o registro, buscando na história da educação infantil, experiências de professores de épocas passadas, memórias responsáveis pela construção desta modalidade de ensino.
No capitulo três, a autora retoma seus registros, projetos, imagens, relatos, e desenhos de sua trajetória profissional como professora.
E no ultimo capitulo, o capitulo quatro, encontram-se as considerações finais, que nos remete e nos faz refletir nossa pratica docente, e a importância do registro como uma produção não só de memória, mas também de valorização do nosso trabalho.
A autora nos leva a refletir sobre as possibilidades que a pratica do registro na formação de professores e na sala de aula, como uma forma de construção da identidade do profissional.
A partir de diálogos de alguns autores desta temática, como Madalena Freire, Paulo Freire, Cecília Warschauer, Miguel Angel Zabalza e Julia Oliveira Formosinho e outros mestres buscam juntos um conceito de registro de práticas que respeite as diversas linguagens na educação infantil.  
Zabalza(1994) apresenta sua pesquisa com professores e estudantes de pedagogia, onde foram analisados os diários, como objeto de estudo da prática diária e de pensamentos, medos , duvidas e crenças vividas.
Já a pesquisadora Cecília Warschauer (1993, 2001), utiliza no debate sua dissertação de mestrado para nos levar a uma analise de seus registros como educadora. Ela alega que o registro é uma importante forma de dialogo de experiências, um valioso instrumento de formação.
Outra Participante da discussão é a professora Julia Oliveira – Formosinho e Ana Azevedo (2002), que relatam suas experiências com os registros, dando ênfase nos portfólios, para elas se tratam de seleções de registro.
Já Madalena Freire (1996), contribui apresentando o conceito de registro como um instrumento metodológico do trabalho docente, juntamente com o planejamento, a reflexão e a observação, para ela elementos fundamentais e integrantes na ação pedagógica do educador.
Paulo Freire também foi convidado para participar do debate e inicia relatando sobre a importância da escrita, para ele tudo se inicia com nossas experiências que depois de escrita nos auxilia na reflexão do nosso fazer docente, assim o ato de registrar também implica no ato de estudar.
Fotografia, diálogos, produções são importantes instrumentos de reconstrução do profissional juntamente com a observação, a escuta e os registros, mas, todavia, é sabido que isto exige tempo, envolvimento, perseverança, e paciência, pois as mudanças não acontecem da noite para o dia é preciso coragem para se expor o que produzimos para os outros, e preparado para receber tanto elogios quanto criticas negativas.
Diversos nomes e conceitos foram dados durante o dialogo, mas todos se referem ao registro de praticas, mas com formas diferentes de entendimento e compreensão. Através do nosso cotidiano conseguimos registrar e construir pensamentos.
Percebe-se que desde a antiguidade a leitura e a escrita já faziam parte da cultura de um povo, juntamente com o desenho são formas de linguagem e expressão, ou seja, representações simbólicas.
Assim entende-se uma importante necessidade da visão do desenho da criança como uma forma de representar seus pensamentos, assim, a criança deve ser vista como uma autora de sua própria historia que registra suas atividades como um processo de aprendizagem.
O desenho representa muito mais do que um exercício agradável no período infantil. É o meio pelo qual a criança desenvolve relações e concretiza alguns dos pensamentos vagos que podem ser importantes para ela. Desenhar torna-se uma experiência de aprendizagem. ( Lowenfeld e Brittain,1970, p.159).
De Acordo com Lopes, o desenho nada mais é que uma forma de registro da criança, através do desenho que percebemos a identidade de uma criança.
Voltando a história da educação infantil percebemos que poucos foram os registros de experiências profissionais encontrados, somente os documentos oficiais eram divulgados, neles observamos que o registro era visto apenas como uma forma de divulgação de um ideário a ser seguido e copiado como notou-se nos boletins, relatórios feitos pelas professoras do parque infantil de São Paulo e da revista do jardim da infância, evidenciando a desconsideração e desvalorização do registro de praticas do professor.
Isso tudo nos leva a refletir sobre a importância da memória, dos relatos e registros de praticas dos professores, para que esses possam servir de documento para outros educadores futuros.
A memória nada mais é que lembranças do passado, que quando registradas e documentadas servem de experiências e analise flexível do presente, devemos nos remeter a escola como um espaço de produção e transmissão de memória.
O registro nada mais é que uma memória futura, construir uma memória, ou seja, ‘’ fazer alguma coisa perdurar na recordação (Arendt,1997,p79).
Apesar da intensidade da discussão a cerca do registro de pratica nas ultimas décadas, muito se tem a fazer em relação a uma mudança de compreensão da pratica pedagógica, o registro precisa passar de uma postura individual para um registro com postura coletiva, onde o registro por sua vez permite uma significativa reflexão sobre a nossa prática pedagógica. 
Concluindo, compartilha-se com Lopes, ao apontar que, os estudos sobre os registros de práticas são componentes que ultimamente sofrem  uma grande defasagem por parte dos professores, os quais não entendem sua importância como instrumento de pesquisa e desenvolvimento profissional.
Ao registrar o cotidiano escolar, torna-se possível, que o educador reflita sua prática, ou seja, o educador tem a oportunidade significativa de reconstruir sua prática através de suas narrativas. È uma pena que nem todos pensem desta maneira, colocando obstáculos para a não realização desta prática tão importante na educação infantil.
Por tudo que já vemos podemos dizer que vale à pena consultar esta obra. A abordagem contemplada pela autora gera um pensar crítico acerca de paradigmas que envolvem o registro de práticas na Educação Infantil. Dessa forma, a obra estimula novas leituras e reflexões do nosso cotidiano como educadora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário