CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS
EDUCAÇÃO INFANTIL E SUAS LINGUAGENS
Cursista: Tatiane
Palma Miranda
LOPES, Amanda
Cristina Teagno. Educação Infantil e registro de práticas. São Paulo: Cortez,
2009. -(Coleção docência e formação. Série Educação Infantil)
O livro é constituído de
quatro capítulos incluindo as considerações finais, que busca
traduzir a experiência e a fundamentação teórica sobre o registro na
educação infantil, em abordagens que se complementam.
No capitulo inicial a autora apresenta alguns conceitos de
registro, juntamente com outros autores da área, buscando um conceito que
considere a criança como um ser que produz, ou seja, uma autora.
O Segundo capitulo trata da concepção de memória e a sua
relação com o registro, buscando na história da educação infantil, experiências
de professores de épocas passadas, memórias responsáveis pela construção desta
modalidade de ensino.
No capitulo três, a autora retoma seus registros, projetos,
imagens, relatos, e desenhos de sua trajetória profissional como professora.
E no ultimo capitulo, o capitulo quatro, encontram-se as
considerações finais, que nos remete e nos faz refletir nossa pratica docente,
e a importância do registro como uma produção não só de memória, mas também de
valorização do nosso trabalho.
A autora nos leva a refletir sobre as possibilidades que a
pratica do registro na formação de professores e na sala de aula, como uma
forma de construção da identidade do profissional.
A partir de diálogos de alguns autores desta temática, como
Madalena Freire, Paulo Freire, Cecília Warschauer, Miguel Angel Zabalza e Julia
Oliveira Formosinho e outros mestres buscam juntos um conceito de registro de
práticas que respeite as diversas linguagens na educação infantil.
Zabalza(1994) apresenta sua pesquisa com professores e
estudantes de pedagogia, onde foram analisados os diários, como objeto de
estudo da prática diária e de pensamentos, medos , duvidas e crenças vividas.
Já a pesquisadora Cecília Warschauer (1993, 2001), utiliza
no debate sua dissertação de mestrado para nos levar a uma analise de seus
registros como educadora. Ela alega que o registro é uma importante forma de
dialogo de experiências, um valioso instrumento de formação.
Outra Participante da discussão é a professora Julia Oliveira
– Formosinho e Ana Azevedo (2002), que relatam suas experiências com os registros,
dando ênfase nos portfólios, para elas se tratam de seleções de registro.
Já Madalena Freire (1996), contribui apresentando o
conceito de registro como um instrumento metodológico do trabalho docente,
juntamente com o planejamento, a reflexão e a observação, para ela elementos
fundamentais e integrantes na ação pedagógica do educador.
Paulo Freire também foi convidado para participar do debate
e inicia relatando sobre a importância da escrita, para ele tudo se inicia com
nossas experiências que depois de escrita nos auxilia na reflexão do nosso
fazer docente, assim o ato de registrar também implica no ato de estudar.
Fotografia, diálogos, produções são importantes instrumentos
de reconstrução do profissional juntamente com a observação, a escuta e os
registros, mas, todavia, é sabido que isto exige tempo, envolvimento,
perseverança, e paciência, pois as mudanças não acontecem da noite para o dia é
preciso coragem para se expor o que produzimos para os outros, e preparado para
receber tanto elogios quanto criticas negativas.
Diversos nomes e conceitos foram dados durante o dialogo,
mas todos se referem ao registro de praticas, mas com formas diferentes de
entendimento e compreensão. Através do nosso cotidiano conseguimos registrar e
construir pensamentos.
Percebe-se que desde a antiguidade a leitura e a escrita já
faziam parte da cultura de um povo, juntamente com o desenho são formas de
linguagem e expressão, ou seja, representações simbólicas.
Assim entende-se uma importante necessidade da visão do
desenho da criança como uma forma de representar seus pensamentos, assim, a
criança deve ser vista como uma autora de sua própria historia que registra
suas atividades como um processo de aprendizagem.
O desenho representa muito mais do que um exercício
agradável no período infantil. É o meio pelo qual a criança desenvolve relações
e concretiza alguns dos pensamentos vagos que podem ser importantes para ela.
Desenhar torna-se uma experiência de aprendizagem. ( Lowenfeld e Brittain,1970,
p.159).
De Acordo com Lopes, o desenho nada mais é que uma forma de
registro da criança, através do desenho que percebemos a identidade de uma
criança.
Voltando a história da educação infantil percebemos que
poucos foram os registros de experiências profissionais encontrados, somente os
documentos oficiais eram divulgados, neles observamos que o registro era visto
apenas como uma forma de divulgação de um ideário a ser seguido e copiado como
notou-se nos boletins, relatórios feitos pelas professoras do parque infantil
de São Paulo e da revista do jardim da infância, evidenciando a desconsideração
e desvalorização do registro de praticas do professor.
Isso tudo nos leva a refletir sobre a importância da
memória, dos relatos e registros de praticas dos professores, para que esses
possam servir de documento para outros educadores futuros.
A memória nada mais é que lembranças do passado, que quando
registradas e documentadas servem de experiências e analise flexível do
presente, devemos nos remeter a escola como um espaço de produção e transmissão
de memória.
O registro nada mais é que uma memória futura, construir
uma memória, ou seja, ‘’ fazer alguma coisa perdurar na recordação
(Arendt,1997,p79).
Apesar da intensidade da discussão a cerca do registro de
pratica nas ultimas décadas, muito se tem a fazer em relação a uma mudança de
compreensão da pratica pedagógica, o registro precisa passar de uma postura
individual para um registro com postura coletiva, onde o registro por sua vez
permite uma significativa reflexão sobre a nossa prática pedagógica.
Concluindo, compartilha-se com Lopes, ao apontar que, os
estudos sobre os registros de práticas são componentes que ultimamente
sofrem uma grande defasagem por parte dos professores, os quais não
entendem sua importância como instrumento de pesquisa e desenvolvimento
profissional.
Ao registrar o cotidiano escolar, torna-se possível, que o
educador reflita sua prática, ou seja, o educador tem a oportunidade
significativa de reconstruir sua prática através de suas narrativas. È uma pena
que nem todos pensem desta maneira, colocando obstáculos para a não realização
desta prática tão importante na educação infantil.
Por tudo que já vemos podemos dizer que vale à pena consultar esta obra.
A abordagem contemplada pela autora gera um pensar crítico acerca de paradigmas
que envolvem o registro de práticas na Educação Infantil. Dessa forma, a obra
estimula novas leituras e reflexões do nosso cotidiano como educadora.
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